A
educação é um importante meio para a transformação do indivíduo e da sociedade.
Uma vez que para a educação existir é necessário o envolvimento do ser humano
com o próprio ser humano, ou seja, deverá existir o relacionamento entre as
pessoas. Contudo, sabemos que a educação tradicional praticada em nossas
escolas não contribui para que exista esta relação entre as pessoas. Uma vez
que a educação tradicional estimula a competição e com isso o individualismo.
Segundo Helmut Renders
“Considerar a
educação formal, praticada em diferentes níveis, como instrumento de ajuda à
difícil tarefa de combater a violência pode ser positivo. O que se pergunta,
entretanto, é: qual seria a educação necessária para se obter êxito neste aspecto?
Certamente não é esta que estamos praticando – competitiva, baseada no sistema
de trocas, que já traz em si a violência embutida contra os menos dotados, que
são aqueles que mais precisam. Esta educação é baseada em um conhecimento que
não se conhece, parcelado, retilíneo, mutilador e que, a rigor, só se preocupa
com os melhores.” (RENDERS, 2013)
Neste
contra ponto, encontramos em Jesus um educador por excelência. De homens e
mulheres simples, rudes e despreparados/as, formou evangelistas, apóstolos, pregadores,
mestres, escritores, mártires e servos e servas do Reino de Deus. Jesus
distinguiu-se como educador por dar atenção às pessoas, aos seus anseios, suas
necessidades e suas expectativas. Jesus fazia questão de estar próximo aos
necessitados e socialmente excluídos demonstrando-lhes seu valor e sua
importância. Outro ponto é que Jesus não seguia os princípios dos professores
da época, no caso os rabinos, que faziam uma interpretação legalista da lei.
Várias vezes o povo chamou Jesus de mestre, reconhecido pelos seus ensinamentos
que indicavam um caminho libertador. (LAZIER, 2009)
Podemos
verificar Jesus a todo o tempo ensinando no caminho. E entendemos por caminho
toda a oportunidade de ensinar e acompanhar se seus ensinamentos estão sendo
aprendidos e geridos. É no caminho que Jesus realiza o ato de explicar. Este
ato é explicado por Lazier da seguinte maneira:
“Explicar é mais do
que transmitir conhecimento, pois a explicação requer que educador/a e
educando/a caminhem juntos e busquem, no diálogo e na convivência, construir o
saber. Explicar é um processo dialógico entre as pessoas envolvidas. Não se
trata de ação exclusiva daquele/a que explica, mas sim de facilitação da
compreensão e do aprendizado e sua consequente contextualização, para aquele/a
que aprende. Neste sentido, o diálogo é fundamental para que a explicação não
seja um ato mecânico, mas tenha sinergia em todos os momentos do processo de
explicação.” (LAZIER, 2011)
É
em nosso contexto social que entra como mediadora ou um “outro caminho”
educacional, a igreja, enquanto comunidade de fé e como representante de uma
educação libertadora e praticante da pedagógica de Jesus. Pois enquanto
instituição inserida na comunidade e no contexto desta. Tem participação ativa
na evolução e transformação dos indivíduos e da comunidade como um todo. É a
igreja, como aprendente de Jesus Cristo e educadora por meio dele, que tem o
melhor exemplo pedagógico, social e de convívio com o ser humano para a
realização desta tarefa. Lazier em seu artigo “A Bíblia e o ensino: por uma educação
integral” enfatiza a importância da igreja e sua ação educadora:
Uma das ações
fundamentais para o cumprimento da missão da Igreja é a da educação, comumente
chamada de ministério de ensino. No passado este ministério era designado como
“ministério docente”. As expressões ministério de ensino ou ministério docente
indicam a ação educativa da Igreja. O termo educação apresenta uma compreensão
mais abrangente que a Igreja assume para a tarefa docente, ou seja, não se
trata apenas da transmissão do conhecimento, mas sim da preparação para a vida,
considerando a sua integralidade.
A
prática pedagógica de Jesus e sua a forma de ensinar no ou durante o caminho.
Faz-nos praticantes e participantes deste processo. Pois, ao mesmo tempo em que
ensinamos somos ensinados. Ao tempo em que formamos também somos formados. Esta
mutualidade nos compromete uns com os outros e assim nos aproximam trazendo a
transformação do indivíduo e da sociedade onde está inserido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAZIER, J.. A pedagogia da convivência:um diálogo do Plano
para a Vida e a Missão com o texto da caminhada para Emaús (Lucas 24.13-35) o
DOI: http://dx.doi.org/10.15603/2176-3828/caminhando.v12n2p113-121. Caminhando
(online), Brasil, 12, nov. 2009. Disponível em:https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/CA/article/view/1236/1251. Acesso em: 13 Jun. 2015.
________ A Bíblia e o ensino: por uma educação integral o
DOI: http://dx.doi.org/10.15603/2176-3828/caminhando.v16n1p79-85. Caminhando
(online), Brasil, 16, feb. 2011. Disponível em:https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/CA/article/view/2370/2529. Acesso em: 13 Jun. 2015.
RENDERS, H.. Revista Caminhando, vol. 16, n. 2 (2º sem. 2011)
- pdf completo.Caminhando
(online), Brasil, 16, jun. 2013. Disponível em:https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/CA/article/view/4103/3540. Acesso em: 13 Jun. 2015.
Adriano
Silva Fermiano é acadêmico do Curso de Bacharel em Teologia da Universidade
Metodista de São Paulo.
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